Barragem de José Boiteux amanhece destruída em mais um capítulo de impasse histórico
por ECX Online
ALTO VALE – A barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, amanheceu nesta quinta-feira (6) com os muros e paredes da estrutura destruídos. A cena é mais um capítulo do impasse entre a comunidade índigena Xokleng e o governo do Estado. Os membros das aldeias cobram obras compensatórias determinadas pela Justiça há uma década, mas que ainda não saíram do papel.
De acordo com o cacique Setembrino Camlem, a comunidade recebeu na quarta-feira (5) a informação de que o governo do Estado enviaria uma equipe da Celesc para executar a recuperação das comportas da barragem, mas sem ter atendido nenhum tópico das reivindições. Índigenas, então, foram para a área da barragem, que fica dentro da terra índigena legalmente demarcada, fazer manifestação.
Quando o dia amanheceu, o cenário era de destruição de um local que já estava em péssimas condições. A Defesa Civil de Santa Catarina, responsável pela operação da barragem, disse que a manutenção está suspensa. No começo da manhã, a Polícia Militar ainda não tinha informações sobre o ocorrido e nem sobre os responsáveis pelo vandalismo na barragem de José Boiteux.
O clima tenso se dá bem no dia em que o governador Jorginho Mello (PL) estará em Rio do Sul, também no Alto Vale do Itajaí. Ele tem agenda marcada para apresentar balanço de investimentos na região e, inclusive, deve fazer um anúncio sobre licitação de obras para a comunidade índigena.
Entretanto, os membros das aldeias dizem que apenas anúncios não resolvem a questão. Isso porque em outros momentos licitações também chegaram a ser lançadas, como a da construção de uma escola e da melhoria na estrada da aldeia Bugio, mas que as obras nunca começaram.
Na enchente de 2023, a barragem transbordou pela primeira vez desde 1992, quando a estrutura entrou em funcionamento. Cada vez que a área inunda, as aldeias ficam isoladas, o que dificulta até o acesso das crianças índigenas às aulas. Outros problemas são as rachaduras e deslizamentos das casas e a situação das estradas. Uma acordo determinou que o Estado faça obras compensatórias (veja lista abaixo).
Obras de compensação previstas
- Abertura e macadamização de estrada com 12 quilômetros, ligando as aldeias Sede e Toldo;
- Melhoria da estrada que liga aldeia Bugio a José Boiteux;
- Elevação de ponte sobre o Rio Platê;
- Construção de ponte pênsil sobre o o Rio Hercílio, em local viável técnica e financeiramente;
- Construção de 10 casas destinadas à aldeia Toldo, da etnia Guarani;
- Construção de escola com 285 metros quadrados;
- Construção de duas casas de pároco;
- Construção de unidade sanitária;
- Construção de um campo de futebol.








