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Qualidade de água do Rio Itajaí-Açu é “preocupante”, aponta novo estudo

Por Evandro Corbari

VALE DO ITAJAÍ – Um levantamento do governo de Santa Catarina feito em junho deste ano mostra que a qualidade da água na Bacia do Rio Itajaí é preocupante. Em 86% dos pontos analisados o índice de coliformes estava acima do padrão. O que isso significa na prática? Tem muito esgoto sendo despejado nos cursos d’água. Apesar de não ser um assunto novo, o saneamento básico ainda é uma pedra no sapato dos gestores públicos.

Apenas sete dos 51 municípios da região possuem rede de coleta e tratamento de esgoto. Nenhum deles chega a 60% de cobertura da população. Das maiores cidades do Vale em número de habitantes, Itajaí sai na frente, com 58%. 

Blumenau vem na sequência com 46%. Rio do Sul, a principal do Alto Vale, ainda está implantando o serviço. Perde para cidades menores da região como Ibirama, onde o sistema chega a 30% dos moradores.

Esses dados dão sentido à informação revelada por especialistas da Furb responsáveis pelo desenvolvimento do Programa de Enquadramento da Bacia do Rio Itajaí: há trechos com situação crítica de poluição. 

É o caso, por exemplo, dos rios do Testo, Luiz Alves e Itajaí-Mirim. Conforme o documento, as cidades por onde passam esses cursos d’água devem ter prioridade na implantação de rede de esgoto nos próximos anos.

— Se fosse definir uma única ação para os recursos hídricos de SC seria saneamento urgente. É frustrante pensar que são tantos anos já de planejamento e ainda esse é o maior problema. Essa discussão sobre poluição remonta há mais de 20 pelo menos — desabafa o engenheiro Sanitário e Ambiental Vinicius Ternero Ragghianti, que atua há 12 anos no segmento.

A falta de monitoramento regular da qualidade da água impede uma comparação com os indicadores atuais. Esse trabalho só começou 2019 no Estado. Mas de forma empírica é possível observar que houve avanço, porém não na mesma velocidade do crescimento populacional. O ambientalista Lauro Bacca diz que nos anos 1980 e 1990 o Itajaí-Açu passava por um processo galopante de poluição. Hoje o cenário é melhor, entretanto longe do ideal.

— Em 1971 a população de Blumenau era de aproximadamente 120 mil pessoas. Hoje tem 360 mil. São três vezes mais. Então se tratamos 40% do esgoto atualmente, isso significa que 60% continua sendo despejado in natura. Ou seja, ainda tem mais esgoto chegando ao Rio Itajaí-Açu, em Blumenau, do que no tempo que a cidade não tinha tratamento nenhum — reflete Bacca.

O Novo Marco do Saneamento Básico, aprovado pelo governo Federal no ano passado, projeta 90% da população com rede de tratamento de esgoto até 2033. É uma meta ousada na avaliação dos especialistas, sobretudo porque exige investimento financeiro pesado. Sem ter escapatória, aos poucos as cidades começam a se mobilizar para decidir o que vão fazer.

O martelo deve ser batido quando Santa Catarina elaborar o Plano Estadual de Saneamento Básico, que ainda está em fase de licitação para escolher a empresa responsável. 

A expectativa é que esse documento estabeleça formas alternativas de fazer o tratamento de esgoto chegar a toda população, mas com um custo menor. Possibilidades existem. Uma delas é as cidades menores e de baixa sustentabilidade formem blocos para juntas contratarem o serviço.

O engenheiro Ragghianti aponta ainda que muitos países aceitam o tratamento individual de esgoto – a fossa séptica – como parte do sistema de saneamento básico. 

Para cidades com menor densidade populacional, essa seria uma boa alternativa, só precisaria que os municípios ou empresas concessionárias assumissem a manutenção, pois esse é o maior desafio quando se fala do sistema individual. 

Muitas pessoas só fazem manutenção quando ocorre um problema, enquanto esse hábito precisaria ser anual.

NSC

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