Assassinato de jovem indígena leva tensão para território Xokleng e lideranças pedem presença de policiais
por ECX Online
SANTA CATARINA – Sob muita tensão e revolta, o corpo do indígena Ariel Paliano, 26 anos, foi sepultado na tarde deste domingo (28) na aldeia Bonsucesso, localidade de Itaiópolis, no Vale do Itajaí. O jovem Xokleng foi encontrado morto numa estrada de chão, na manhã de sábado (27), com sinais de violência.
A pedido do Ministério Público Federal, o caso está sendo acompanhado pela Polícia Federal. Ariel teria sido vítima de uma emboscada e assassinado quando saiu de casa para fazer compras em uma mercearia. Além de baleado, recebeu pauladas e teve o corpo incendiado.
— Estamos tentando acalmar as pessoas, que estão apavoradas pela morte do rapaz, e pedindo a presença de policiais na área onde ocorreu o crime — disse o cacique-geral Setembrino Camlem.
A solicitação para segurança é através da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, antiga Funai. O grau de violência pode indicar que se trata de um crime marcado por ódio. Também chama a atenção, o fato de ter ocorrido num dia em que muitos Xokleng estavam fora do território, em Brasília, participando de uma mobilização nacional que reivindica a demarcação de terras.
Para as lideranças, foi um crime premeditado. A mãe de Ariel e o seu padrasto, assim como o cacique-geral, estavam fora. A informação sobre a morte ocorreu quando os Xokleng já retornavam para Santa Catarina, na noite de sexta-feira (26). De acordo com Setembrino, as lideranças aguardam o laudo pericial e uma posição oficial para emitir uma posição:
— Nesse momento, a gente precisa contar com segurança de federais para tranquilizar a comunidade. Sabemos que a questão do Marco Temporal voltou a tencionar os indígenas de todo o país.
Setembrino relembrou que dias atrás, em função de denúncias de ameaças e até tiros contra famílias que estão na retomada do território, em Bonsucesso, havia já solicitado a presença policial.
— Estamos enfrentando uma luta difícil e que não sabemos como irá acabar – desabafou o cacique-geral.
CIMI aponta lei que torna vigente o marco temporal como causa da violência
Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão da Igreja Católica, lamentou a morte e lembrou que o local é uma região de conflito pela demarcação. Nos últimos meses, a aprovação e promulgação da Lei 14701/2023, pelo Congresso, que torna vigente o marco temporal, e a decisão tomada pelo ministro Gilmar Mendes no dia 22 de abril, que manteve a vigência da Lei 14701/2023, foram entendidas como uma vitória dos setores que se contrapõem à demarcação da TI Ibirama La Klãnô, repercutindo no endurecimento do ambiente de tensão que se vive na região.
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